O que é Inventário de Estilos Parentais?

O Inventário de Estilos Parentais é um instrumento que avalia as práticas parentais utilizadas pelos pais para educar os filhos, tanto pela percepção dos filhos como dos pais. Após 15 anos de uso de IEP, a autora Paula Inez Cunha Gomide verificou a necessidade de ampliação do uso do instrumento para outros profissionais que não somente os psicólogos, de maneira que esta versão não é mais de uso exclusivo do psicólogo. A nova versão do IEP vem também com o formato online, além da forma de aplicação presencial tradicional, permitindo seu uso a distância.

Quais profissionais podem utilizar o Inventário de Estilos Parentais?

É um instrumento que pode ser utilizado por profissionais de diversas áreas.

Psicólogos clínicos e forenses que fazem avaliação de famílias, crianças e adolescentes, e pesquisadores que usam o IEP para avaliar, relacionar e correlacionar vários comportamentos (depressão, gestação precoce, comportamento infrator, escolaridade dos pais, bullying etc.) com as práticas parentais.

Além de psicólogos, o IEP pode ser utilizado por profissionais de áreas afins à psicologia forense, tais como: assistentes sociais, médicos, pedagogos e advogados.

Quais são os estilos parentais?

O IEP foi elaborado com o objetivo de identificar estilos e práticas parentais que se correlacionam com o desenvolvimento de comportamentos antissociais por um lado, e que facilitam o aparecimento de comportamentos prossociais por outro.

Um conjunto de práticas parentais, positivas e negativas, compõe o estilo parental. A forma de educar será positiva, ou seja, proporcionará o surgimento de comportamentos prossociais e valores morais, se os pais utilizarem preferencialmente práticas parentais positivas, como comportamento moral e monitoria positiva. O comportamento moral implica em estratégias para ensinamento das virtudes (polidez, justiça, honestidade, generosidade, solidariedade) e de emoções morais (culpa, vergonha, arrependimento, perdão) (Comte-Sponvillle, 1996). A monitoria positiva permite que os pais acompanhem atentamente as atividades dos filhos, supervisionando e colocando-se à disposição de forma efetiva para resolver seus problemas e necessidades (Gomide, 2004).

As práticas parentais negativas estão associadas ao desenvolvimento de comportamentos antissociais que são prejudiciais às crianças, adolescentes, membros da família, da escola e da comunidade. Elas são compostas pelo uso da negligência, do abuso físico, da disciplina relaxada, da punição inconsistente e da monitoria negativa. A negligência é a ausência de afeto, de cuidados com a saúde, com a educação e com o lazer. O abuso físico é a aplicação da força física, associada ou não ao uso de instrumentos para bater, com objetivo de controlar o comportamento da criança ou adolescente. A inconsistência no uso de regras, ora fazendo cumprir, ora sendo permissivo, configura a disciplina relaxada. Quando os pais ou cuidadores definem as regras em função do seu estado de humor, estão punindo de forma inconsistente. Por fim, a fiscalização excessiva, controladora, com inúmeras instruções e cobranças, compõe a monitoria negativa. Todas estas formas de educar geram baixa autoestima no educando, sentimentos de raiva e desamparo e permitem o comportamento de mentira, de esquiva e de dissimulação (Gomide, 2006).

Como identificar o estilo parental?

O IEP é composto por 42 questões que avaliam as práticas parentais utilizadas pelos pais na educação de seus filhos. São sete práticas parentais, com seis itens para cada prática:

1. Monitoria positiva (Ela/ele pergunta como foi meu dia na escola e ouve atentamente);
2. Comportamento moral (Quando estrago alguma coisa de alguém ela/ele me ensina a contar o que fiz e pedir desculpas);
3. Negligência (Sinto que ela/ele não me dá atenção);
4. Punição inconsistente (Quando ela/ele está alegre não se importa com as coisas erradas que faço);
5. Disciplina relaxada (Ela/ele ameaça que vai me bater e depois nada acontece);
6. Monitoria negativa (Quando saio ela/ele me telefona muitas vezes);
7. Abuso físico (Ela/ele me bate com cintas ou outros objetos).

Os participantes respondem aos itens de acordo com uma escala Likert de 3 pontos (nunca, às vezes e sempre).

O IEP tem três versões: Versão Materna, Versão Paterna e Versão de Autoavaliação.

A versão em que os filhos respondem sobre as práticas parentais (recomendada para crianças a partir de 5 anos de idade, fazendo as devidas adaptações e dependendo do entendimento do avaliador) utilizadas por seus pais na sua educação tem duas formas:

1) Versão Materna: os filhos respondem sobre as práticas parentais utilizadas pela mãe na sua educação, da infância aos 24 anos;

2) Versão Paterna: os filhos respondem sobre as práticas parentais utilizadas pelo pai na sua educação, da infância aos 24 anos.

É possível a aplicação do IEP em indivíduos adultos que relatem retrospectivamente as práticas utilizadas por seus pais na adolescência e início da vida adulta. Por exemplo, um indivíduo com 40 anos responde ao IEP materno e paterno, sobre as práticas educativas usadas por seus pais na sua juventude.

3) Versão de Autoavaliação: a terceira versão, em que os pais respondem sobre a forma como educam seus filhos, é chamada de Autoavaliação das práticas parentais.